segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Expulsão dos artistas da Caldeirôa

Os dois últimos artistas a produzir na fábrica da Caldeirôa foram expulsos do seu atelier. O processo de retirada dos objectos começou na manhã de Quinta-feira e termina amanhã, Terça-feira, 31 de Outubro de 2017.
Na manhã de Quinta-feira, apareceram na porta da fábrica vários técnicos superiores, encarregados e trabalhadores da câmara acompanhados pela polícia municipal. Vinham com a ordem de retirar tudo o que estava dentro da fábrica. Quer fosse lixo, móveis, electrodomésticos ou obras produzidas pelos artistas, era tudo manuseado e transportado do mesmo modo.
O processo de expulsão é violento, e esta expulsão é política. Esta expulsão é uma tentativa de apagar o que aconteceu na fábrica, e uma tentativa de quebrar a vontade das pessoas em continuar com o seu trabalho. A partir desta fábrica nasceram as Assembleias Populares da Caldeirôa que têm contribuído para a liberdade da crítica. Arejada, iluminada e bem frequentada, a fábrica da Caldeirôa mostrou-nos a magia que procurámos.
Naquela fábrica trabalharam artistas desde 2012, ano em que decorreu a Capital Europeia da Cultura. Naquele ano, não se colocava a questão da necessidade de abrir espaço a locais de produção de arte. Achava-se que o evento iria produzir novas vontades de consumir arte. Ficou tudo entre os hegemónicos, não houve espaço para os independentes. No momento em que começava a aparecer vontade de criar essa estrutura aparece um monstro que caiu como um meteorito que vai ficar enterrado.
Para escrever na história da cidade:  em 2017, a CMG expulsa artistas independentes para construir um parque de estacionamento.