quarta-feira, 17 de julho de 2019

Limites da manipulação


Este artigo desmascara a tentativa de manipulação planeada pelo executivo camarário que este ano usa as Festas Gualterianas para publicitar a abertura do parque de estacionamento de Camões.

1.
Para legitimar a necessidade do novo parque de estacionamento foi escolhido um novo local. Os equipamentos de diversão das Festas Gualterianas passaram para a Alameda Alfredo Pimenta em vez de ficarem na zona das Hortas. A escolha do novo local quebra o carácter religioso-pagão das Gualterianas ao afastar as diversões da igreja de S. Gualter. Veja-se na imagem como o centro histórico fica entre os dois pontos de interesse das festas.


A tentativa de manipulação comunicativa não acontece pela primeira vez, ela vem desde o início do projecto do parque de estacionamento de Camões. Veja-se, por exemplo, esta publicação
A manipulação é usada na publicidade e no marketing, não podemos permitir que seja usada no espaço público. As Festas Gualterianas pertencem ao povo da cidade não podem servir de evento-publicidade para os interesses político-partidários. 

A previsão para a inauguração do novo parque de Camões estava agendada para o dia 24 de Junho, mas nessa altura os promotores da obra ainda estavam com problemas - tentavam coagir, ameaçando com a expropriação, um morador resiliente que se sente injustiçado, pois a entrada da sua casa fica a dois metros da entrada do parque de estacionamento. Assim, como não conseguiram inaugurar segundo as previsões, escolheram outra festividade – as Festas Gualterianas.

A outra jogada manipuladora foi escolherem a Alameda Alfredo Pimenta e a envolvente ao Estádio Dom Afonso Henriques para receberem os carrinhos, as farturas e as bifanas. Com a ocupação destas duas áreas desaparecem muitos lugares de estacionamento automóvel que são “substituídos” pelos lugares do novo parque de Camões. Assim, os promotores da nova obra podem afirmar que o novo parque dá resposta às necessidades de estacionamento.

2.
Para caberem todos os equipamentos de diversão das Festas Gualterianas foi projectada uma planta tétrica, confusa e sem nexo, e que obrigou a intervenções agressivas e desproporcionais para o contexto local - abate de árvores, levantamento de lajes e eliminação de arbustos. 

As árvores abatidas da Alameda Alfredo Pimenta foram justificadas com o argumento de que estariam doentes. Não sabemos que doença tinham para haver um abate significativo dessas mesmas árvores a dois dias da chegada dos camiões com as diversões das Festas Gualterianas.

As árvores são únicas, por isso, levantamos questões a serem respondidas: Porque foram cortadas nesta altura? Se estavam doentes porque não foram tratadas antes? Existe algum diagnóstico técnico que sustente a necessidade do abate em vez do tratamento das árvores? Se a única alternativa era o abate, então porque não escolheram uma época adequada para replantar novas? O património arbóreo da cidade é mais do que bem público, merecem ser tratadas como monumentos vivos e dinâmicos.

3.
Com certeza que nas reuniões donde brotou a escolha do novo local, 
próximo do parque de Camões, para a colocação das diversões das Festas Gualterianas surgiu a hipótese do Largo do Toural! Ninguém ousou concretizar tal proposta.