quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Texto da 2ª Assembleia Popular da Caldeiroa

A 2ª Assembleia Popular da Caldeiroa contou com a presença de quinze moradores e residentes de Guimarães e nesta Assembleia foi elaborado o seguinte texto em forma de discurso: 

"Opomo-nos à construção do parque de estacionamento no interior do quarteirão circunscrito pelas ruas Caldeiroa, Camões e Liberdade e travessas de Camões e Caldeiroa-Madroa.
As razões de tal oposição fundamentam-se em vários pressupostos, já vistos como verdades contemporâneas.
Razões ecológicas que nos levam à saúde pública.
Razões de projecto que envolvem a disciplina do urbanismo.
E, razões cívicas que nos levam à participação neste processo.
As três razões formam uma preocupação global.
A importância do logradouro está catalogada com o estatuto de salvaguarda - “verde urbano”. Tem por isso funções ecológicas fundamentais para o equilíbrio urbano como: a mitigação de ruído, permeabilização de solos e são áreas promotoras da biodiversidade.
Estes espaços influenciam tanto a quantidade como a qualidade do ar.
Construir um parque de estacionamento no interior do quarteirão seria optar pelo ar poluído em detrimento do oxigénio, e esquecer a biodiversidade.
O parque de estacionamento neste quarteirão também traz vários problemas ao nível do urbanismo.
Não é aceite que se olhe para o interior de um quarteirão e se projecte um parque de estacionamento. O interior do quarteirão é para as pessoas. É uma zona especial em vários sentidos. Primeiro porque é um espaço que prevaleceu em privado durante muito tempo. O processo de abertura ao público é violento. Segundo porque é academicamente aceite que estes espaços a serem abertos à cidade devem ser semipúblicos de transição, integrados numa rede pedonal complementar.
O projecto previsto contempla uma utilização e dinâmica desajustada. Em termos físicos será necessário, provavelmente, escavar três pisos subterrâneos mais alicerces e acrescentar mais dois acima do solo. Em termos de dinâmica, se o parque lotar todos os dias, entrarão várias centenas de carros para o interior do quarteirão trazendo o aumento de ruído e gases venenosos como o monóxido de carbono.
Segundo o Eurostat, em 2013, a poluição atmosférica foi a terceira causa de morte na Europa a 28. Os dados concretos são: uma média de 83 óbitos por 100 000 habitantes.
Construir um parque de estacionamento só trará mais carros para o centro da cidade e é uma forma de dar prioridade ao automóvel. Além de que já existem vários parques de estacionamento num raio de 500 metros em torno da localização deste: Caldeiroa, Vila Flor, Plataforma das Artes, Mercado, Feira, Guimarães Shopping, Fraterna, S. Francisco, Centro Comercial Triângulo, Av. S. Gonçalo (por trás do café Meia-Noite) e Estádio Afonso Henriques, Mumadona, Hortas e estação da CP.
E antes de chegar às várias entradas deste novo parque os automobilistas já passaram por vários parques com capacidade considerável. Pela dinâmica do trafego actual e a título de exemplo se o automobilista descer a Rua da Liberdade vindo da Cruz de Pedra ou Rua do Colégio Militar tem à sua disposição o parque da Feira e do Mercado. Se vier pela Rua Paio Galvão já passou pelos parques do Estádio D. Afonso Henriques, C. C. Triângulo ou Plataforma das Artes, etc.

Deve por estas razões ser reconsiderado o projecto para o interior do quarteirão."

Guimarães, 23 de Novembro de 2016

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