domingo, 1 de janeiro de 2017

1ª Assembleia Popular da Caldeiroa

Leitura na abertura da 1ª Assembleia Popular da Caldeiroa

Boa tarde a todas e a todos.
Convocamos esta assembleia pela necessidade de apresentar a nossa frustração na futura demolição deste edifício para a construção de um parque de estacionamento.
As operárias e os operários desapareceram desta fábrica. Lentamente, ela tornou-se num novo espaço de produção. O que sai daqui, agora, é diferente do que saía mas não deixamos de ser produtores. Este é o espaço do nosso trabalho e queremos mantê-lo.
Somos indivíduos que trabalhamos de forma independente. Somos pintores, escultores, desenhadores, videastas, costureiros e outras coisas, e queremos continuar a trabalhar aqui.
Em toda a fábrica trabalham seis artistas, mais uma galeria de arte. Todos eles utilizam diferentes meios para a produção. E pela galeria já passaram vários artistas.
É por isso uma fábrica de grande importância para nós.
O tempo que todos passamos dentro desta fábrica é considerado tempo de trabalho, como qualquer tempo de trabalho de um operário.
A construção de mais um parque de estacionamento na Caldeiroa, pelo que sabemos para 500 automóveis, é dispensável. Já temos aqui ao lado vários parques.
Opomo-nos porque sentimo-nos expulsos do nosso local de trabalho e do nosso local de vivência. A Caldeiroa pertence-nos também. Queremos o melhor para este local. Assim como queremos o melhor para esta cidade. E o melhor para a cidade é o melhor para os seus habitantes. Se neste processo é usado o poder na expulsão de pessoas, então esse poder não é usado correctamente. As pessoas não se expulsam. Não é assim que a cidade deve funcionar.

Guimarães, 16 de Julho de 2016