quinta-feira, 20 de abril de 2017

Para uma nova visão da cidade

A visão que temos sobre a sustentabilidade está directamente relacionada com a forma como interagimos com o planeta Terra, o organismo vivo onde todos nascemos e habitamos.

Quando há respeito pelo planeta e agimos de acordo, o ecossistema mantém-se equilibrado, e nunca se colocam questões como a falta de recursos naturais para a nossa futura sobrevivência.

Tradicionalmente o respeito era exercido de forma natural, pois as pessoas consideravam-se parte integrante da natureza; o debate sobre a sustentabilidade é recente e surge quando o indivíduo se emancipou, sobrepondo-se em relação ao todo.

Na área do urbanismo, muitos estudos têm sido feitos com o intuito de diminuir o impacto das construções no meio ambiente e no ecossistema. O estudo dos terrenos e das suas características telúricas, geomagnéticas, meteorológicas e geológicas antes de iniciar qualquer construção é importante para a sua localização e implantação. Sem um prévio estudo das características essenciais do terreno, a abertura de cavidades no subsolo, para a construção de auto-estradas, túneis ou parques de estacionamento, poderá implicar a desvitalização dos locais, ao cortar as suas linhas energéticas vitais, que podem ser comparadas às artérias do nosso corpo.

Em Portugal nos anos 40 e 50, o poder político consultou o Padre Jesuíta Abel Guerra - que viveu em Guimarães, enquanto reitor da Companhia de Jesus instalada, entre 1937 e 1951 no Mosteiro de Santa Marinha da Costa – para a construção de barragens. Em toda a sua vida, o padre Abel Guerra, foi ainda responsável pela marcação de termas e de cerca de 260 000 poços, a maioria no norte de Portugal.

O Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra e a Faculdade de Engenharia do Porto assim como as principais faculdades de Arquitectura da Europa, começam a dar particular importância ao estudo geológico dos terrenos e o seu impacto no ambiente envolvente, do qual fazemos parte. Por este motivo é cada vez mais importante, a par dos estudos citados, um planeamento do território a médio e longo prazo, tendo em conta a alteração de paradigmas, nomeadamente no sector dos transportes, que é já uma realidade.

Carlos Fonseca
(texto publicado com a autorização do autor)

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