quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Demolições no Centro Histórico: "É normal!"


Até parece normal demolir edifícios no Centro Histórico de Guimarães.
Este projecto de construção do parque de estacionamento de Camões tem expandido a normalidade da ideia de destruição de património que pertence à humanidade (não a um município). Uma cidade é um organismo vivo global. Não é uma evolução dos últimos cinco anos, por exemplo, mas contém memórias que pertencem a uma história colectiva a defender.
No entanto, porque assistimos em directo à destruição do Centro Histórico de Guimarães "deixamos" de nos indignar com tamanho crime. Tudo o que até agora se fez, da parte da população e associações, para parar as obras e fazer com que se repense na intervenção no interior do quarteirão Camões-Caldeirôa, parece não ter efeito. Não sabemos que forças divinas são estas, vindas do município, em que nada os afecta. 
O próximo património a ser demolido será esta casa. O propósito é alargar a entrada norte do parque de estacionamento para passarem automóveis. Sabemos que para quem estuda o Centro Histórico de Guimarães há algum tempo, isto parece uma anedota, mas não é. Quando se vir uma escavadora com a sua grande pá destruir este edifício vamos pensar: "É normal!"

Este sentimento é cultural e de habituação. Por mais destruição que possamos ver, vamos achar sempre normal porque ela aparece gradualmente e não damos pelo choque. Só passando algum tempo e olhando para a fotografias é que percebemos que andávamos adormecidos. 

Não podemos achar normal demolir edifícios no Centro Histórico - Zona Especial de Protecção da Área Classificada como Património Cultural da Humanidade.

O edifício à esquerda da imagem também será demolido.
Repare-se que a parece de pedra é anterior à fachada principal e denota que em tempos isto era uma passagem com ligação do centro de Guimarães ao Caminho Real, em Creixomil. Além disso, é um edifício exemplar com entra para o primeiro piso feito pelo exterior (raríssimo, em Guimarães).